Você já comeu grandes quantidades de comida muito rápido, mesmo sem estar com fome, e depois sentiu culpa ou arrependimento?
Se isso acontece de forma recorrente e fora de controle, pode ser um sinal de Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA).
Diferente do que muitos pensam, a compulsão alimentar não é um exagero, “falta de força de vontade” nem “gula”. É um transtorno alimentar sério, que pode causar grande sofrimento emocional e impacto na saúde.
E o mais importante: ele tem tratamento.
Neste artigo, vamos falar sobre:
🔹 O que realmente é a Compulsão Alimentar
🔹 Como diferenciar compulsão de exagero ocasional
🔹 As causas por trás do transtorno
🔹 Como quebrar o ciclo de excesso e culpa sem cair em dietas restritivas
Vamos lá?
O Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA) é caracterizado por episódios recorrentes de ingestão de grandes quantidades de comida em um curto período de tempo, acompanhados de uma sensação de perda de controle.
Ao contrário da bulimia, no TCA não há comportamentos compensatórios como vômito, uso de laxantes ou exercícios excessivos. É marcado por um forte sofrimento de frustração, culpa e tristeza.
Mas o problema real não é a comida em si, e sim o que está por trás desses episódios.
Muitas pessoas confundem compulsão alimentar com episódios eventuais de exagero, mas são coisas bem diferentes.
A compulsão além de ter uma frequência maior, os episódios podem gerar uma ingesta acima de 5 mil, 8mil kcal. A sensação de perda do controle e de conseguir parar somente quando já está quase passando mal é frequente entre os pacientes.
Se você sente que sua relação com a comida está fora de controle, que come mesmo sem fome e que isso gera sofrimento, vale investigar melhor.
A compulsão alimentar não acontece por acaso. Ela é resultado de uma combinação de fatores emocionais, biológicos e comportamentais.
🔹 1. Restrições alimentares e dietas restritivas
O maior gatilho para a compulsão alimentar é o ciclo da restrição.
🔸 A pessoa passa o dia todo tentando “se controlar”, evitando doces, carboidratos ou comendo o mínimo possível.
🔸 Em algum momento, o corpo e o cérebro não aguentam mais e o impulso por comida vem forte e incontrolável.
🔸 Depois do episódio, vem a culpa. E para compensar, a pessoa promete que “amanhã vai fazer tudo certo”.
🔸 O ciclo recomeça.
Quanto mais você restringe, mais forte vem a compulsão.
🔹 2. Comer como regulador emocional (o Comer Emocional)
Muitas pessoas comem compulsivamente como forma de lidar com emoções difíceis:
❌ Estresse
❌ Ansiedade
❌ Solidão
❌ Tristeza
❌ Frustração
A comida se torna uma forma rápida de aliviar o desconforto, mas como o problema real não é resolvido, a necessidade de repetir o comportamento continua.
🔹 3. Alterações na fome e saciedade
Comer de forma compulsiva pode desregular os sinais naturais do corpo. Isso significa que, com o tempo, a pessoa pode:
🔸 Perder a percepção de saciedade, comendo grandes quantidades sem perceber que já está cheia.
🔸 Sentir fome com mais frequência ou até mesmo não sentir mais fome, pois os episódios de compulsão bagunçam a regulação do apetite.
Isso cria um ciclo onde a fome e a vontade de comer parecem estar sempre fora de controle.
Se você sente que sua relação com a comida está te causando sofrimento, observe estes sinais:
🔹 Episódios frequentes de ingestão exagerada de comida em pouco tempo
🔹 Sensação de perda de controle ao comer
🔹 Comer escondido ou rápido demais
🔹 Comer até sentir desconforto extremo
🔹 Sentimento intenso de culpa e vergonha após os episódios
Se isso acontece com frequência, é um alerta de que pode haver um transtorno alimentar envolvido.
Muitas pessoas acham que a solução para a compulsão alimentar é “fechar a boca”, “ter mais disciplina” ou fazer uma dieta mais rígida.
Mas isso só piora o problema.
Aqui estão algumas estratégias eficazes para quebrar o ciclo da compulsão de forma saudável:
✅ 1. Saia do ciclo da restrição alimentar
O primeiro passo para parar de comer compulsivamente é parar de se restringir tanto.
Isso pode parecer contraintuitivo, mas funciona. Quando você permite que todos os alimentos façam parte da sua vida de forma equilibrada, o desejo intenso por eles diminui e a compulsão perde força.
✅ 2. Identifique seus gatilhos emocionais
Antes de um episódio de compulsão, pergunte-se:
👉 “O que estou sentindo agora?”
👉 “Essa comida vai resolver meu problema?”
👉 “O que eu realmente preciso nesse momento?”
Aprender a reconhecer os gatilhos é essencial para quebrar o padrão.
✅ 3. Coma com atenção plena (Mindful Eating)
Ao invés de comer no automático, tente prestar atenção:
🍽️ Sinta os sabores e texturas da comida
🍽️ Mastigue devagar e perceba quando começa a se sentir satisfeito(a)
🍽️ Evite comer distraído, na frente da TV ou do celular
Isso ajuda a recuperar o controle sobre a alimentação.
✅ 4. Trabalhe sua relação com o corpo e a comida
A comida não deve ser sua inimiga. Ela é parte da vida e deve ser fonte de prazer, nutrição e bem-estar – não de culpa.
A chave não está em cortar alimentos, mas em reconstruir essa relação de forma saudável e sem medo.
✅ 5. Busque ajuda especializada
A compulsão alimentar não é frescura e não se resolve sozinha.
Se você sente que não consegue sair desse ciclo, um profissional especializado pode te ajudar a entender as raízes do problema e desenvolver estratégias eficazes para lidar com ele.
Se você se identificou com esse texto, saiba que você não está sozinho(a) e que é possível recuperar o controle sobre sua alimentação de forma saudável.
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Idealizadora do Instituto de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Curitiba (IPCAC), psicóloga, especialista em Comportamento e Transtornos Alimentares, professora de pós-graduação, pesquisadora, supervisora clínica, preceptora e palestrante na área do comportamento alimentar.
Em sua carreira acadêmica, já lecionou e palestrou em diversas cidades do Brasil e também nos Estados Unidos, Canadá, Argentina, Espanha e Portugal.
É pioneira no tratamento de problemas alimentares, desenvolveu ao longo dos anos uma abordagem gentil para lidar com questões do corpo, alimentação e saúde mental. Sua metodologia está ancorada à mudança do Estilo de Vida, Técnicas Corporais e na Alimentação Consciente e Intuitiva e já mudou a vida de mais de 2000 pacientes e alunos com Comer Emocional e Transtornos Alimentares.
Em 2018 idealizou a Especialização em Comportamento e Transtornos Alimentares, sendo o primeiro curso a formar especialistas com treinamento prático em ambulatório.
Hoje tem vários cursos e mentorias, seja no nível técnico, seja no estratégico para ajudar profissionais da saúde a crescerem e terem sucesso.