Ganho excessivo de peso, obesidade e sobrepeso e sua relação com o câncer.

Revisão que incluiu o acompanhamento de 93 mil mulheres aponta relação entre ganho de peso,
excesso de peso e obesidade com 13 diferentes tipos de câ
ncer.

Os efeitos do excesso de peso e da obesidade sobre diabetesdoenças  cardiovasculares e outros malefícios para a saúde já são amplamente conhecidos e divulgados. De outro lado, diversos estudos sobre os males do tabaco e as diversas estratégias e programas eficazes para abandonar o tabagismo têm como objetivo a redução do risco de doenças crônicas, incluindo câncer.

Estas estratégias já são conhecidas por profissionais de saúde, que advertem há muitos anos seus pacientes. Esses esforços e abordagens têm sido eficazes e cada vez mais difundidas em todo o mundo.

No entanto, outra perigosa associação vem sendo cada vez mais discutida entre especialistas e parece cada vez mais consolidada. Trata-se da relação do excesso de peso, da obesidade e do aumento de peso com o aumento do risco de desenvolvimento de câncer.

Uma revisão com mais de mil estudos e seguimento por quase 18 anos das quase 93 mil mulheres, que participaram do Nurses’ Health Study entre 2005 e 2014, concluiu que há provas suficientes para vincular ganho de peso, excesso de peso e obesidade a 13 diferentes tipos de câncer. Estão nesta lista adenocarcinoma do esôfago, estômago, cólon e reto, fígado, vesícula biliar, pâncreas, colo de útero, ovário, rim e tireoide, câncer de mama pós-menopausa e mieloma múltiplo.

O relatório Excessive Weight Gain, Obesity, and Cancer Opportunities for Clinical Intervention, que reconhece esta associação, foi divulgado hoje, 3 de outubro de 2017, pelo Centers for Disease Control and Prevention, nos Estados Unidos, e publicado na edição online do jornal científico americano JAMA.

A partir desta conclusão, pode-se considerar que, somente em 2014, mais de 630 mil pessoas diagnosticadas com algum tipo de câncer pode ter sua doença associada ao sobrepeso e à obesidade. Esse número representa mais de 55% de todos os cânceres diagnosticados em mulheres e 24% dos diagnósticos entre os homens.

O que mais impressionou os responsáveis pelo estudo foi que os cânceres relacionados ao excesso de peso e à obesidade foram aqueles que têm sido cada vez mais diagnosticados entre a população maisjovem.

O aumento anual, no período do estudo, foi de 1,4% nos cânceres relacionados ao excesso de peso e à obesidade entre indivíduos de 20 a 49 anos e de 0,4% entre indivíduos entre 50 e 64 anos. Outro dado alarmante foi que quase metade de todos os cânceres em pessoas com menos de 65 anos podiam ser associados ao sobrepeso e à obesidade.

 

Novas estratégias

O câncer não é inevitável, mas além de todas as ferramentas e estratégias já conhecidas, agora é possível contribuir para reduzir sua incidência também por meio de prevenção do excesso de peso e da obesidade desde cedo.

Implementar intervenções clínicas, incluindo triagem, aconselhamento e encaminhamento, será um grande desafio a partir de agora, mas fundamental. Ainda são poucas as escolas de medicina e programas de residência médica que fornecem treinamento adequado para a prevenção e o manejo da obesidade. Este talvez seja o motivo para ainda haver bastante dificuldade entre os clínicos para iniciar uma conversa sobre obesidade com seus pacientes.

Além de treinamento adequado para médicos e demais profissionais de saúde que lidam diretamente com pacientes, o acompanhamento do peso dos pacientes ao longo do tempo poderá identificar aqueles que se beneficiarão de aconselhamento e encaminhamento precoce a fim de evitar ganho de peso excessivo.

Hoje, menos da metade dos profissionais envolvidos em cuidados primários avalia regularmente o peso de seus pacientes, sejam eles adultos, crianças ou adolescentes. Mas assim como o tabagismo está cada vez mais presente nas consultas de rotina das mais variadas especialidades, alcançar e manter um peso saudável também deverá fazer parte das estratégias de redução da incidência de câncer.

Vale destacar que a prevalência de obesidade nos Estados Unidos vem apresentando crescimento há quase 50 anos. Atualmente, mais de dois terços dos adultos e quase um terço das crianças e adolescentes norte-americanos estão acima do peso ou obesos. Jovens obesos são mais propensos a se tornarem adultos obesos, agravando os riscos para a saúde ao longo de suas vidas.

Outro dado importante é que muitas das consequências do excesso de peso e obesidade, como o diabetes tipo 2 ou a doença coronariana, também vêm apresentando aumentos, que coincidem com o crescimento das taxas de obesidade. Mais que isso, as sequelas destas doenças têm sido proporcionais à gravidade da obesidade.

 

Fonte: ABESO.

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