Ganhar ou reganhar peso sempre foi um assunto recorrente. Neste período de quarentena tem sido ainda mais frequente e incômodo para muitas pessoas. Estamos vivendo momentos de grandes desafios, em relação a pandemia, ao isolamento social, a questões econômicas, alterações na relação com a comida, com o corpo e a nossa rotina em si.
Por falar em rotina, quem nesse momento não teve alteração nela? Mudanças nos hábitos, nos horários, no sono, na alimentação, na compra e no planejamento dos alimentos… Para mantermos uma boa relação com o nosso corpo e com a comida a rotina se faz fundamental. Qualidade no sono, nas refeições, na atividade física, no manejo do tempo e no planejamento de ações.
Não podemos focar no ideal neste momento, até porque nosso mundo externo não está em seu pleno funcionamento. Não idealize rotinas perfeitas, até porque perfeição só existe nos contos de fadas, porém pense o que você consegue fazer nesse momento que se aproxime de uma relação saudável com seu corpo e com sua alimentação? Vamos buscar fazer o que dá, como dá e com os recursos que temos. Não podemos esperar a vacina, acabar a quarentena ou o isolamento para cuidarmos de nós mesmos, não é?
Além de alterações significativas na rotina e nos hábitos, a desregulação emocional tem sido frequente. Estamos vivenciando um momento de mudanças e todo processo de mudanças pode desorganizar nossas emoções. O atual cenário tem gerado inúmeros pensamentos e emoções como: ansiedade, medo, pânico, frustração, culpa, insônia, solidão, stress, tédio, entre outros. Frente a isso estamos buscando uma regulação emocional, quando esta regulação não é realizada de forma funcional, muitas vezes recorremos a recursos externos como comida, bebida, compras, tecnologia, entre outros.
A relação com a comida envolve fatores biológicos, fisiológicos, nutricionais, emocionais e sociais.
Como você lida com as suas emoções? Você consegue reconhecer seus sentimentos? Você os expressa ou evita? A fuga das emoções faz com que haja uma desconexão com você mesmo, buscando no externo recursos para lidar, confortar ou distrair dos sentimentos. Busca-se na comida, nas redes sociais, no álcool, no tabagismo a regulação emocional. Você tem procurado a comida nesses momentos de tensão? Que tipo de comidas? Como estão seus hábitos em relação a sua alimentação? Tem se alimentado de forma atenta ou desatenta?
Um outro fator que contribui para o reganho de peso é a falta de comportamentos de autocuidado. Com as mudanças no período da quarentena, as pessoas estão deixando de se cuidar e ter práticas de amor,
carinho e cuidado consigo mesmas. Cuidar da gente é fundamental em qualquer circunstância, em tempos difíceis é importante se fortalecer e se encorajar, para seguirmos em frente com resiliência e autoeficácia. Seja mais gentil com o seu corpo, cuide dele com mais respeito, menos cobrança e julgamento. Não busque emagrecer a qualquer custo, busque uma alimentação saudável e nutritiva, não restritiva. Não siga padrões e não se compare com o outro. Busque a sua melhor versão. A comida não é apenas calorias, ela é nutrição, afeto, social, cuidado, prazer, família. Faça alguma atividade física, como autocuidado e não como punição ou compensação. Buscar uma nova conexão interna com sensações físicas (fome e saciedade) e emocionais são fundamentais para uma melhor relação com a comida e para a manutenção de um peso saudável.
Tenha um planejamento de ações, ou seja, organize a compra dos alimentos, higienização e preparo. A falta de planejamento pode fazer você escolher alimentos impulsivamente ou comer além da sua saciedade.
Por fim, lembre-se que também é importante dar continuidade aos atendimentos com a equipe multidisciplinar, muitos profissionais estão no formato on-line.
Ana Paula Zanardi
Psicóloga CRP 08/12728