Suicídio e os Transtornos Alimentares

Quando se fala em suicídio, a primeiro pensamento para justificar o fato é Transtorno Depressivo. Sim, ele tem uma forte ligação com o ato de atentar contra a própria vida, mas, dentre os tantos outros transtornos mentais existentes, os transtornos alimentares possuem altas taxas para a tentativa ou ao ato suicida propriamente dito.

De tempos em tempos, um comparativo é feito para avaliar a prevalência dessas taxas entre a população geral e as pessoas que sofrem de algum tipo de distúrbio alimentar. Indivíduos com anorexia têm, aproximadamente, 23 vezes mais chances de que a tentativa de suicídio seja fatal. Deste número, os jovens são a parcela que mais demanda cuidados para evitar que façam algo contra si, pois os sintomas da anorexia são mais frequentes no início da adolescência ou no decorrer dela.

Segundo Harris e Franko, acredita-se que de 20 a 40% das mortes na anorexia são resultantes de suicídio e não de complicações fisiológicas do transtorno. Sendo assim, pode-se dizer que existe uma associação do transtorno alimentar concomitante ao transtorno depressivo, podendo afetar de 25 a 52% dos sujeitos que possuem anorexia (Wonderlich; Monteleone et al).

E a parcela que se recupera? Segundo o Centro de Estudos e Tratamento dos Transtornos Alimentares e Obesidade da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro – CETTAO, a anorexia tem uma taxa de mortalidade de aproximadamente 20% entre os diagnosticados. Pacientes com câncer de mama tem uma taxa de sobrevida mais alta, cerca de 72% mais chance de sobreviver à doença após 5 anos de tratamento, mesmo com câncer em ultimo estágio (Estágio III).

Neste mês de setembro amarelo, o mês de prevenção ao suicídio, é importante ressaltar que outros transtornos podem ter índices tão grandes ou até mais altos de atentado à vida que o Transtorno Depressivo isolado, como a Anorexia Nervosa e os demais Distúrbios Alimentares.

Transtornos Alimentares merecem extrema atenção, pois levam facilmente a óbito se não forem tratados, a demora para procurar ajuda clínica dificulta o tratamento. Por mais que a resposta positiva possa demorar, o tratamento multidisciplinar preserva a qualidade de vida, a vida por si só e, muito mais importante, a vontade de viver.

Referências:

Harris EC, Barraclough B. Excess mortality of mental disorder. The British journal of psychiatry : the journal of mental Science, 1998.

Franko DL, Keel PK, Dorer D, Blais M, Delinsky S, Eddy K, et al. What predicts suicide attempts in women with eating disorders? Psychological Medicine, 2004.

Wonderlich SA, Mitchell JE. Eating disorders and comorbidity: empirical, conceptual, and clinical implications. Psychopharmacology bulletin, 1997.

Monteleone P, Brambilla F, Bortolotti F, Maj M. Serotonergic dysfunction across the eating disorders: relationship to eating behaviour, purging behaviour, nutritional status and general psychopathology. Psychological Medicine, 2000.

 

Texto da nossa psicóloga clínica Dra Jessica Chiminazzo.

2 comentários sobre “Suicídio e os Transtornos Alimentares

  1. Parabéns pelo texto, pela abordagem, pelo elo que faz entre o suicídio e o transtorno alimentar , já tive anorexia e já tentei o suicídio , e por muitas vezes e “N” questões não se dão a devida importância ao caminho quase que paralelo que eles andam. NADA mais esclarecedor e importante do que falar sobre, divulgar, trabalhar e buscar ajuda . Obrigada por esta reflexão

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