Benefícios da Atividade Física para a sua saúde mental

Se você me perguntasse qual modificação poderia fazer em sua vida capaz de melhorar tanto sua saúde física quanto mental, eu responderia sem hesitar: pratique atividade física!
A Organização Mundial de Saúde (OMS) elenca o sedentarismo como o quarto maior fator de risco de mortes no mundo. Só para começar, vou falar sobre alguns dados com notória evidência científica para deixar claro para você o quão poderosa é essa ferramenta não-medicamentosa chamada atividade física para sua saúde mental:

  • Em casos de depressão leve a moderada, a atividade física pode ser o único tratamento empregado. Nestes casos é possível tratar a depressão sem usar sequer um único remédio;
  • Nos casos de depressão moderada a grave, a atividade física tem o poder de potencializar o tratamento medicamentoso. Neste caso, medicação e atividade física irão agir juntas para combater a depressão;
  • A atividade física age quimicamente no seu cérebro e no seu corpo promovendo melhora da depressão: aumenta a rotatividade de neurotransmissores, endorfinas e fatores neurotróficos, reduz o nível de cortisol, aumenta a produção de enzimas que metabolizam a quinurenina (metabólito associado a depressão);
  • Melhora os sintomas ansiosos em pessoas que sofrem de transtornos de ansiedade; 
  • Redução dos episódios de compulsão alimentar em transtornos alimentares;
  • Redução dos episódios de compulsão pelo uso de algumas substâncias psicoativas, como a nicotina (tabaco);
  • Gera benefícios psíquicos: melhora a autoestima, promove a autoeficácia (convicção de seu próprio potencial/capacidade).

E então, qual atividade física fazer? Com qual frequência?

Falando especificamente no caso da depressão, as evidências científicas mostram que uma rotina de pelo menos 30 minutos de atividade física com intensidade moderada (tanto atividades aeróbicas quanto anaeróbicas) pelo menos 3 vezes por semana por um mínimo de 9 semanas já apresenta impacto positivo. Evidentemente, o tipo e a quantidade de atividade a ser feita deve ser individualizada e supervisionada para cada sujeito de acordo com suas condições clínicas. Além disso, não se vira um atleta da noite para o dia e é necessário que a atividade se intensifique de forma gradual. Se expandirmos a resposta para a saúde de uma forma geral, podemos dizer pelo menos 150 minutos de atividade física por semana, o recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

Falando assim, até parece que todas pessoas irão ler essas informações e sair, literalmente, correndo para as atividades físicas. Sabemos que não é bem assim que funciona. Não é à toa que a maioria das pessoas, apesar de saberem que fazer exercícios físicos lhe faria muito bem, seguem sendo sujeitos completamente sedentários. E então, como mudar? A resposta para essa pergunta geraria no mínimo assunto para mais um post. 

Para resumir, a atividade física não deve ser vista como um investimento frenético e desenfreado em busca do peso almejado, mas sim, num hábito a ser inserido de forma gradativa e sólida na rotina de cada um. Os motivos que fazem as pessoas conseguirem ou não praticar exercícios físicos são diferentes de pessoa para pessoa. Caso você tenha dificuldade em iniciar ou manter-se em atividades físicas, saiba que existem tratamentos em saúde mental que podem ser bastante resolutivos. Não hesite em buscar a ajuda de um profissional. 

Individualidades à parte, é impressionante o impacto positivo que essa modificação no estilo de vida (atividade física) é capaz de fazer: prevenção de diabetes, de doenças cardiovasculares, de vários tipos de câncer e de transtornos depressivos e ansiosos! Sim, talvez a cura para sua insônia (sintoma comum dos transtornos depressivos e ansiosos) e outros sintomas mentais não esteja nas farmácias, mas sim nos simples exercícios físicos.

 

Texto do nosso Psiquiatra Dr. César Antônio Caldart.

Referências bibliográficas:

– Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) 2016 Clinical Guidelines for the Management of Adults with Major Depressive Disorder: Section 5. Complementary and Alternative Medicine Treatments; The Canadian Journal of Psychiatry 2016, Vol. 61(9) 576-587

– An examination of the anxiolytic effects of exercise for people with anxiety and stress-related disorders: A meta-analysis; Brendon Stubbs, Davy Vancampfort, Simon Rosenbaum, Joseph Firth, Theodore Cosco, Nicola Veronese, Giovanni A Salum and Felipe B Schuch; Psychiatry Research, http://dx.doi.org/10.1016/j.psychres.2016.12.020

– A Systematic Review of Physical Activity Interventions in Individuals with Binge Eating Disorders; Blanchet, C., Mathieu, M.-È., St-Laurent, A., Fecteau, S., St-Amour, N., & Drapeau, V. (2018). Current Obesity Reports, 7(1), 76–88. doi:10.1007/s13679-018-0295-x

– The acute effects of physical activity on cigarette cravings: systematic review and meta-analysis with individual participant data. Haasova, M., Warren, F. C., Ussher, M., Janse Van Rensburg, K., Faulkner, G., Cropley, M., … Taylor, A. H. (2012). Addiction, 108(1), 26–37. doi:10.1111/j.1360-0443.2012.04034.x

– Site oficial da World Health Organization (Organização Mundial de Saúde)- Acesso em 07/10/2019.

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